quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Dez anos depois

Estar aqui depois de dez anos me fez lembrar da garota sem muitas ambições que passava a tarde escrevendo textos. Eu era uma criadora de histórias e teorias e tinha certeza que a qualquer momento morreria de amor, mesmo sabendo que ninguém morre por amar demais.  

Hoje sei que amar é o que me torna viva, e que sentir – seja um sentimento bom ou ruim – é o que faz ter certeza que meu coração continua pulsando. E que apesar da idade, a gente continua sentindo, não tão intensamente quanto antes - mas o coração continua batendo. As magoas ainda doem profundamente e o medo do abandono deixa lugar também para o medo de não ser boa o suficiente na vida adulta.

Sinto-me mais prática também, ao longo desses anos deixei de complicar tantas coisas - logo eu, que amava dramatizar tudo.

Minha escrita mudou, naturalmente a forma de ver o mundo também. O guarda-roupa não esta mais desorganizado, a vida me levou a ter uma profissão totalmente contrária a que eu sonhava há dez anos, eu não gosto de roupas estampadas como antes, perdi o medo do escuro - apesar de ainda não gostar dele - descobri que me exercitar é bom, me apaixonei por mim, descobri que odeio comida japonesa, aprendi a me virar - mas ainda tenho dificuldades para atravessar a rua - aprendi que família é a coisa mais preciosa que temos, e que alguns amigos infelizmente são passageiros e que outros permanecem apesar de qualquer circunstancia e são esses que fazem tudo valer a pena. 

Fazia tanto tempo que não aparecia por aqui, até esqueci como era ter um diário. 

A garota de dez anos atrás ainda existe, ela me deu um abraço e disse que tudo bem de vez em quando sentir demais. Eu a abracei de volta mesmo sabendo que seria impossível sentir na mesma proporção de antes.


Nenhum comentário:

Postar um comentário