Estar aqui depois de dez
anos me fez lembrar da garota sem muitas ambições que passava a tarde
escrevendo textos. Eu era uma criadora de histórias e teorias e tinha certeza
que a qualquer momento morreria de amor, mesmo sabendo que ninguém morre por
amar demais.
Hoje sei que amar é o que me torna viva, e que sentir – seja um sentimento bom ou ruim – é o que faz ter certeza que meu coração continua pulsando. E que apesar da idade, a gente continua sentindo, não tão intensamente quanto antes - mas o coração continua batendo. As magoas ainda doem profundamente e o medo do abandono deixa lugar também para o medo de não ser boa o suficiente na vida adulta.
Sinto-me mais prática também, ao longo desses anos deixei de
complicar tantas coisas - logo eu, que amava dramatizar tudo.
Minha escrita mudou, naturalmente a forma de ver o
mundo também. O guarda-roupa não esta mais desorganizado, a vida me levou a ter
uma profissão totalmente contrária a que eu sonhava há dez anos, eu não gosto
de roupas estampadas como antes, perdi o medo do escuro - apesar de ainda não
gostar dele - descobri que me exercitar é bom, me apaixonei por mim,
descobri que odeio comida japonesa, aprendi a me virar - mas ainda tenho
dificuldades para atravessar a rua - aprendi que família é a coisa mais preciosa
que temos, e que alguns amigos infelizmente são passageiros e que outros
permanecem apesar de qualquer circunstancia e são esses que fazem tudo valer a pena.
Fazia tanto tempo que não aparecia por aqui, até
esqueci como era ter um diário.
A garota de dez anos atrás ainda existe, ela me deu um
abraço e disse que tudo bem de vez em quando sentir demais. Eu a abracei de
volta mesmo sabendo que seria impossível sentir na mesma proporção de antes.
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