domingo, 22 de março de 2015

Sobre o dia 19 de Novembro


Dentre todos os planos e sonhos que ela tinha em nenhum lugar de sua agenda estava escrito o nome dele.
Ela gostava mesmo é de jogar. Tirar ele do sério, provocar e virar seu mundo de ponta-cabeça.
Ele sabia disso.  
Ja não sei se ele era um jogador, ou gostava mesmo era dos joguinhos dela. Mas uma coisa era fato: dela ele gostava. 
Ele falava sobre o sorriso dela, de sua inteligencia e sensibilidade que poucos enxergavam. 
Ela fingia não saber que aquilo tudo era amor, e continuava jogando. 
Mas quando precisava de alguém para tirá-la daquela realidade sensata, era pra ele que ela ligava. Ele sabia exatamente o que fazer. A levava para algum lugar distante, discutiam sobre quem ia pagar o sorvete, brigavam durante o caminho. Ela querendo falar sobre religião e ele sobre forças ocultas do bem e o mal. 
Algumas vezes deitavam em uma grama qualquer, olhavam para o céu e ela falava sobre seus sonhos e ele dizia o quanto ela era ingenua por achar que a vida é um filme. 

- E você é um antiquado e infantil. - ela dizia defendendo seus sonhos.
- Não sou eu que acho que a vida é um filme. - ele dizia.
- Acreditar em sonhos não é coisa de filme. - ela dizia deitada naquela grama úmida, olhando para o céu.

Ele não podia falar o quão maravilhosa ela era por acreditar naquilo. Ele sabia que se falasse perdia o jogo. 

- Mas e então, o que você mais gosta em mim? - Ela o surpreendeu com aquela pergunta.
- Fisicamente ou no geral? - Ele perguntara tímido. 
- No geral. - Ela respondeu.
- Tem que falar? é tão complicado... - Ele dizia, tentando andar para trás.
- Não é não. Tente, eu  quero saber. 
Alguns longos segundos em silêncio se passaram, ele tentava encontrar a melhor resposta sem perder o jogo. Mas ele cansou de jogar. E talvez ela também. 
- Tipo... Quando você imagina como deve ser o gosto de uma comida que se passa na TV, e quando você come tem o mesmo gosto? - Ele perguntou, talvez sem esperar uma resposta.
- Normalmente não. - Ela respondeu simplesmente.
- Para mim você é isso. Uma ideia minha de alguém que seria legal ter por perto... Você é inteligente, e eu gosto disso. Você é linda e simpática e isso me fascina. Mas você também é bipolar, esnobe e tem dias que nem me da bola (e talvez eu goste disso também). - Ele dizia sem olhar nos olhos dela, a vergonha não deixava. E nem precisava. O sorriso que nascia de seus lábios era tão puro que ninguém podia duvidar de suas palavras. - Você não é nada perfeita, mas sempre se encaixou em tudo o que eu imaginava. - Ele continuou. 

O silêncio dela o corroía. 
E ela gostava de corroê-lo 

- Deu para entender? - Ele sussurrou com medo que ela não respondesse. 
- Deu sim. E eu gostei. - Ela disse simplesmente.
- E então? - Ele perguntou se referindo sobre eles. 
- Eu também gosto de você. - Ela disse sussurrando, com medo de perder o jogo. 

Eles mal sabiam que o jogo havia terminado desde o momento em que ela discou o número dele. 


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