É engraçado a nossa forma de lidar com alguns sentimentos antigos. Ou talvez a minha forma de lidar.
Ele estava ali no terminal a mais ou menos quinze metros de mim, algo em mim queria o abraçar loucamente como fazia a quatro anos atrás, algo em mim dizia que não. Aquele não era mais o meu garoto.
Eu queria saber se o calor do abraço era o mesmo e se os dentes se acertaram com os cinco anos de aparelho.
Meu ônibus chegou. E o medo me venceu.
Droga! Ele me viu. E eu apenas acenei.
Me sentei do lado esquerdo para poder vê-lo por mais alguns instantes. Ele se apoiou na grade e fez algumas caretas para mim, eu sorri.
Meu garoto ainda estava ali, não precisava nenhuma prova, nenhuma foto ou descrição. Era ele, o mesmo garoto de quatro anos atrás.
Meu ônibus partiu, e eu o acompanhei com o olhar até onde pude. Ele jogou um beijo no ar, eu o peguei e repeti baixinho "sempre".
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